E um dia ao amanhecer, a flor percebeu que conhecia todas as nuances da luz da aurora, pois ela viu cada uma entrar pela janela, antes da mesma ser aberta, pelas fendas e a fina e clara cortina que, em nada abafava a luz do dia.
Antes de o sol nascer, no prenúncio do dia, ali aguardava cada segundo para ver o seu amor chegar e o seu sorriso já ficava em evidência, sabia que logo ele ia chegar, para ilumina-la por inteiro. Mas, aquela manhã foi diferente, o dia não chegava e a flor confusa, nada entendia o que acontecia, o seu amado Sol não se anunciou como fazia todos os dias... Não havia fendas e nem a fina cortina. A flor no seu pequeno vaso tinha sido transportada para um pequeno cômodo, onde não havia janelas e a luz do Sol não entrava. E os dias passaram, e o seu sorrido se apagou e flor aprendeu a ouvir cada barulho da noite, que ecoava naquele cômodo, um estreito corredor. E assim, cada dia e cada noite, ficaram tão indefinidos e longos, até que um dia, adormecida, acordou em uma lixeira, e percebeu que nem água bebia e de tão apaixona, simplesmente havia murchado, foi descartada por quem não a deu valor. Então percebeu uma claridade, reconheceu aquelas nuances, a aurora lhe despertou e com o último suspiro, sorriu e a sua alma fugiu, antes do seu amado Sol nascer.
E a flor morreu, sem que o Sol soubesse da sua existência, antes de ver a sua beleza e antes de saber que havia um amor tão grande assim.
Lucy Coelho
Inalcançável
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