terça-feira, 16 de setembro de 2014

MENINAS DA SENZALA




MENINAS DA SENZALA

Um dia aprendi na escola
Que os escravos eram presos
Em senzalas, que lembram um grande alojamento,
Mas sem o conforto das camas quentinhas
E dos lençóis branquinhos,
Sem ao menos, com uma vaga sombra de um lar.

Chão frio e dolorosos correntes,
Com muita crueldade,
 Aprisionavam os pés e as mentes.

 Duas meninas,
De uma grande família de seis irmãos,
Que viveram na roça.
Viveram da terra
E também tiveram a sua história...

 Parece um conto.
Mas não vou aumentar nenhum ponto,
Dessa história que não foi contada...

No tal do grande pombal negro
No meado dos anos 30
Viveu uma grande família
Em uma senzala fria...

Era uma família
Escrava da pobreza,
O pai morreu
E a pequena Maria
Só sabia que, era  muito jovem.
E de uma doença
Simplesmente se foi...
Sem fotos, as lembranças
Da mente sumiram...
O pai não tinha mais rosto
Mas o caixão estava lá no coração,
No pensamento, no sentimento, sem razão...


Trabalhavam na roça,
Cortavam cana,
O dia mal surgia,
A noite mal chegava,
A fome não tinha hora,
Mas o trabalho era toda hora...

As duas meninas
Subiam em caixotes,
Para lavar a louça,
Em meios as correntes,
Que um dia
Prenderam gente
Como a gente...

No interior do Rio,
Em Campos de Goytacazes
Quem diria,
Viveu uma grande família,
Entre a pobreza e a tristeza,
Isso não é segredo,
Em um pombal negro...


Mãos que foram tão pequenas,
Cortavam canas...
Edite lembrou-se:
Um dia a maiorzinha se cortou
No arame farpado,
E escondeu fechando a mãozinha,
Por isso os dedinhos se deformaram,
Pois só voltou abrir
Quando sarou...
Mesmo não sendo escrava,
Ela não sabia
Que era livre,
Porque atoa apanhava...
Pobre Maria!


Toda infância
Existem boas lembranças,
Afinal toda criança
Sabe brincar...
Boneca de espiga de milho
Banho de rio...
Hoje, bem velhinha a menorzinha,
Edite ainda têm guardado em seu rosto
O sorriso da menina...
Lembra-se da grande trança
Que a mãe tinha,
Mas o que ela mais sente falta
É da irmã maiorzinha,
A eterna amada Maria...

Lucy Coelho








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